Fadigar

Uma pilha de preguiça

Vestida em trapos

Caiu aqui, já nem lembro

Até esqueci de avisar.

Francielle Manini

Expectador

Maldita ave que pousa aqui

Rasgando carne

Abrindo carcaças

Maldito verme

Que se farta nas sobras

E aplaude a desgraça

Francielle Manini            

Indiferente

Nem responde

Nem me vê

Esconde

Desfaz, descrê

Aliás, porquê?

Francielle Manini

Anestesia

Esse ócio que caio

Me sinto mal

Me sinto bem

Não sinto nada

Nesse ócio que caí

Está a prova

Fui dopada.

Franciielle Manini

Tricotava solidão

Tricotava solidão e

Se acamou descadeirada

A velha de osso quebrado

Não descia uma escada

Mas tinha a melhor vista da rua

Pela janela daquela sacada

Fuxicava, aquela velha

E esmolava atenção

Como fosse só o que lhe

restara fazer

Além de dormir e comer

E espiar o quarteirão

Francielle Manini

Tudo carne

Relutei em distinguir

Não que me faça por feliz

É tudo carne

Me convenci

Me misturando com você

Me entrelaçando em teu corpo

Não que não me faça feliz

Mas é tudo carne

É tudo carne

Tocando as estrelas

Do céu da tua boca

Comecei a discernir

Me perdendo em tentação

Encontrei

O confuso estado de ter

Sem pertencer

Sem possuir

Não que me dou por feliz

É tudo carne

Afinal, tudo carne

Acabei por concluir

Francielle Manini 

Pobre estudante falida

Pobre estudante falida

Neste país é cara a honestidade

Pobre futuro que se anseia

De uma pobre estudante falida

Que na inquietude vazia da vida

Quer colher o que semeia

Francielle Manini